FRASES 3
LAERTE ANTONIO
O homem ganhou
repudiando o pecado?
Claro que sim:
ganhou-perdeu-se.
LA 03/02
Quando o cansaço vem,
só existe um jeito:
descansar.
LA 03/02
Pregou-lhe um prego tão fundo,
que após 9 meses
ela lhe devolveu um maço.
LA 03/02
Sorriu-me tão simpática e meiga,
que seu hectoplasma e o meu
se interpenetraram...
Seu marido a abraçou, beijou...
E saindo para o trabalho,
me disse:
Um belo dia, meu vizinho,
não é mesmo?
Claro que sim, Alfredo:
depois de uma bela noite
( em que estrelamos nossos sonhos )
o dia é sempre lindo e macio.
LA 03/02
Seus seios?
Duas moringuinhas de barro —
com maminhas pra beber
e assoviar...
LA 03/02
Se já viu que o cavalo é manco,
por que diabo apostar nele?
LA 03/02
Por vezes a desventura
é mais amada que a ventura.
Isso quando algum pathos
nos faz adoecer de ciúme
tornando-nos vingativamente
masoquistas.
LA 03/02
— E aí?
— A gente fica de mambembe.
LA 03/02
Quantas vezes não lhe tapei as bocas.
LA 03/02
Antes só do que bem acompanhado.
LA 03/02
Joyce não morreu, —
virou uma videira branca.
LA 03/02
A mulherada chora, chora...
mas vive de xiranha cheia.
LA 03/02
Era um malandro tão fino
que as mulheres o adoravam.
E muitas esperavam
calma, deliciosamente
a sua vez.
LA 03/02
Recuperar o passado
é fazê-lo renascer na haste do hoje
e soprar-lhe infinitude.
Mestre Proust deixou claro:
qualquer experiência pode
( pelo ressoprar de suas brasas )
prolongar-se infinita —
cada vez mais à imagem-semelhança
de seu jamais findar.
LA 03/02
A rosa?
Muito suave,
demais mimada.
O crisântemo?
Muito bombástico.
Prefiro um bem-me-quer.
LA 04/02
O amor cultiva minhocas.
Vive pescando tolices
e inventando infelicidades.
LA 04/02
Beleza não se põe na mesa,
a não ser por gentileza,
ou esperteza.
LA 04/02
Verde de amor,
o geólogo namorou,
noivou
e casou com Esmeralda.
LA 04/02
A mulher tinha orgasmos gritados,
vociferantes.
O marido a trocou
por uma surdo-muda.
A vizinhança agradeceu.
LA 04/02
Disse ao marido que o tal primo
( em seus tempos [dela] de normalista )
só pousara na casa da tia, sua mãe
dela,
umas bem poucas vezes...
E que era engraçado... muito feio,
desengonçado... Tinha até medo de baratas...
Ah, quantas vezes, de madrugada,
ela não tinha de socorrê-lo:
uma tosse de acordar a casa!
LA 10/03
Preso à novela das 8,
o marido dizia do mordomo:
Um maricas, um maricas...
A mulher, que bordava,
sorriu compensada.
LA 04/02
Quando o geólogo morreu,
ela ficou com as terras;
os filhos e a mulher
com os “direitos autorais”
de seu livro inédito:
Brumas.
LA 04/02
Padre Ignácio era um bom garfo.
O bispo precisou removê-lo,
principalmente após nascer
seus dois primeiros filhos.
LA 04/02
Brigavam tanto,
que não lhes sobrava tempo
para pensar em divórcio.
LA 04/02
O governador disse que seu vice
tinha provas cabais
de sua inocência.
— Mas seu vice — lembrou alguém —
não morreu ano passado?
— Morreu sim. Porém, pra que servem
os médiuns espíritas?!
LA 04/02
Deu-lhe uma rosa,
que ela comeu,
pétala por pétala,
à sua frente,
num silêncio cheio de farpas
e estalactites de sonhos
cansados.
LA 04/02
Dálias,
dálias sem dono,
espiavam
atrás do muro de taipa.
Um cansaço,
uma dor pontiaguda
em cada pétala.
LA 04/02
Pensou nela a tarde inteira.
Ela também. Só que esses “ela” e “ele”
não eram ele e ela.
LA 04/02
Aos sábados, depois das duas,
nossos sapatos esperavam
pacientes como um cão —
ao lado
daquela cama de ferro.
LA 03/02
Fez uma noite tão escura,
tão escura em nós lá dentro,
que sequer nenhuma estrela
ousou uma lágrima de luz.
LA 04/02
O gato saboreou
tão infinitamente
meus afagos em sua cabeça,
que o vizinho, no outro dia,
me disse ter sonhado
que o universo miava...
LA 04/02
Padre Juliano ensinou
a cachorrinha de Bill
a latir em inglês
sempre que o de cujo
viesse vindo para casa
nas terças e nos sábados
( à tardinha )
em que o Cura confessava
a esposa do de cujado.
LA 03/02
Não é por se ter motorizado
que a vassoura da bruxa
perdeu a graça.
Mas foi ao passar
pelo pau da pinguela
que a descuidada da Maria
perdeu a virgindade.
LA 04/02
O boto tem tantos filhos
quanto os colos das vovós.
LA 04/02
Era tão doce,
que as formigas a comeram.
O noivo chorava como um leso,
não pelo fato ( até romântico ),
mas por não ter acudido antes.
LA 04/02
Agora é tarde —dizia a mãe de André,
por ver-lhe a esposa
fugida com outro.
Tarde nada, mãe, —explica o filho:
já comi o doce
de suas quatro morangas
e fiz suspiros
em suas três panelas.
LA 04/02
Pedro velho não vencia
espantar os diabos dos sanhaços...
Aves ladinas,
comedoras de mamões...
Pedro tinha doze filhas
entre 13 e 25 anos.
LA 04/02
Prefiro três mulheres a uma só,
contanto que sejam minhas vizinhas.
LA 04/02
Seu Papa:
Padre também precisa
de xota.
Pedofilia
não é a via.
Pedir perdão
não será solução.
LA 04/02
Ela matava a cobra
e mostrava o pau, —
bicho-bichona que era.
LA 04/02
Vão-se os reais,oo —
mas ficam os amores.
LA 04/02
Deu-lhe duas panelas novas
e uma vassoura.
Apanhou.
LA 04/02
Casando jovens,
vocês divorciarão
ainda moços.
LA 04/02
Achou uma “Amélia”, e casou.
A culatra da intenção
voou-lhe pela cara.
Era místico
e gorjeador de mantras...
Pensava que o nome bastasse.
LA 04/02
Piava o On com maestria:
tudo virava um só apito
com rêmiges silvantes...
LA 04/02
um caso de tesão genética.
LA 04/02
Era tão fixado na esposa,
que quando esta viajava,
conseguia se ajeitar
com o formigueiro de saúvas
de seu quintal.
LA 04/02
Amor dos bons
se lambe pelas bordas.
Só depois, bem depois,
é que se come pelo centro.
LA 04/02
Uma esperança escarlate
pintou estrelas
no céu daquela hora.
LA 04/02
Comerei feno com vocês, ó vacas!
Depois ruminaremos
como filósofos sacráticos
nas ágoras de não saber.
LA 04/02
Encruada como xota
que não mais chupa carambola,
a vida ali se arrasta
feito molusco
a escrever com sua baba:
O padeiro a visitava
com a capa estrelada
das madrugadas,
para juntos fazerem
aquelas guloseimas
que os lençóis vão lambendo...
LA 04/02
Além de ouvir os segredos
dos maridos
( e passá-los para o estamento ),
o padre
ainda lhes comia as mulheres.
LA 04/02
O pastor lhe deixava na cama
certa casca esfarinhada
de sua pele.
O marido perguntava à esposa
o que era aquilo...
Dizia-lhe que o maná
( que caíra no deserto )
agora acontecia
nos leitos abençoados.
LA 04/02
Plantou seu obelisco
em muitas encruzilhadas.
LA 04/02
Farofa de penugem
de donzela?
Pra lá de bom!
É a tal coisa —
você não pode rir
nem tossir
senão( ! )
vai botar bigodinhos na parede.
LA 04/02
O amor joga peteca
sem calcinha, sem cueca,
lá no campinho
em deliciosas peladas.
LA 04/02
Lembra-se do touro Caram,
isto é: do antigo Carambolas?
Meu amigo também, outro dia,
quase fica sem as dele —
esqueceu o guarda-chuva
com seu magnífico nome
gravado a fogo no cabo.
LA 04/02
Um pinto precisa de...?
Uma galinha amorosa.
LA 04/02
Morava na esquina,
numa casinha bonita —
toda de caramelos
e chocolates...
Os donos da cidade,
todos eles a comiam.
Todos, menos o marido
que nunca tinha tempo
pra estar em casa.
LA 04/02
Chamava-se Dulce.
Tinha dois peitos terríveis, —
vinham até ao meio
do balcão de bijuterias...
Menino, eu olhava, lá de baixo,
aquelas torres horizontais,
terminando em duas pontas...
LA 04/02
Deus te dê o príncipe,
não seu cavalo.
A mim: princesa não,
me dê uma mulher
com uma xota de verdade.
LA 04/02
Era top-costureiro,
e nem por isso boiola
ou machudo, —
muito pelo trivial:
tanto escalava
como descia,
quanto voava...
Trivial-trivial.
LA 04/02
O marido lhe disse
não mais amá-la.
Respondeu-lhe que o amor
só precisa da mala,
que o a é um acessório,
não raro dispensável.
LA 04/02
O século 20
foi o que mais matou.
E o que mais fodeu.
LA 04/02
Fecha os olhos,
e formule um desejo.
Isso!... Isto, filha!...
Deus to dê do jeito
do teu sonho
e do tamanho
da tua gula.
LA 04/02
Casou com a mulher
e a sogra,
viúva.
Foi no tempo da saúva.
LA 04/02
Ela não se vendeu,
compraram-na do esposo,
que era salário mínimo.
LA 04/02
Consolou o cardiologista,
enquanto ele desquitava.
Em seguida, ele casou
com outra mais bela
e bem mais moça.
Voltou para o marido.
LA 04/02
A raiva por ter lido muito,
ter estudado muito
e seus et cetara
redunda sempre em escrever.
LA 04/02
Escrever é uma droga
como outra qualquer —
você precisa fazê-lo.
LA 04/02
Esquente não.
Faça por ser feliz, —
às custas, é claro,
de recíproca solidariedade.
LA 04/02
Tudo tem o seu preço.
Não o de venda,
mas aquele da própria coisa.
Mas poucos,
poucos têm a capacidade
moral
de pagar esse preço.
LA 04/02
Tchau, amor!
No fim do mês te vejo.
Boa noite. Dorme com os anjos...
E não te esqueças:
capricha no banho
e nos amaciantes... Afinal,
não sou só eu
quem aprecia essas coisas.
Dorme com os anjos.
LA 04/02
Amá-la mais que eu,
só um baú,
uma cômoda
cheios de dólares.
LA 04/02
Quando Honório morreu,
na noite após o enterro,
a pobre esposa
teve o maior dos pesadelos:
Ai, André! Ai, ai!.. Ai, Andrezinho!...
Foi o que a vizinhança ouviu,
e — maligna —
riu.
LA 04/02
Em meus tempos de menino,
havia a marcha-fúnebre
que acompanhava alguns enterros,
e era mais triste
que todo o cemitério.
Lembro-me bem: eu ficava
transido de terror.
LA 04/02
Osama Bin Laden
mostrou ao mundo
que o poder,
quanto mais poderoso,
mais facilita
a própria derrocada.
LA 04/02
Vivemos dias
historiossáuricos.
Uma febre
pelos bichinhos.
LA 04/02
Aqui se vive uma vida
carnavalizada
e futebolizada.
Como se não bastasse,
também vivemos uma vida
previamente roubada.
LA 04/02
Cerca pulada,
jardim pisado, —
sonho desenganado.
LA 04/02
Olhar para trás?
Só para não ser atropelado.
LA 04/02
A conivência
será cobrada em dobro.
Não por Deus,
pela vida.
LA 04/02
A vida tem olhos
que recordam.
LA 04/02
O pai e a esposa
foram as criaturas
que mais o prejudicaram.
Só lhe restou estudar muito,
viver só
e meditar sobre a existência
para mudar a sua.
LA 03/02
Tinha um ar de profeta,
e uma inteligência
de merda.
LA 04/02
Fodia com o padre
enquanto este a confessava
e a absolvia.
LA 04/02
Enchia-lhe o V
de leite e mel
toda noite.
Fornicava gostoso
e picava doído.
Chamava-se Débora.
LA 04/02
O homem é capaz de perdoar
à mulher que o traiu,
mas o amigo que lhe contou —
a esse não.
LA 04/02
Era bela de fundos,
mas — de frente —
era o Saci
com estrepe no pé.
LA 05/02
Lembra-se, Vera,
de como era belíssimo
aquele céu horripilante
de dezembro,
trespassado
de
adagas
amarelas,
a despejar granizo
enquanto furunhávamos?
LA 05/02
Sempre juntos. Eram
como merda de pombo
e estátua.
LA 05/02
A bicicleta gritava
de fome.
LA 05/02
Marilda?
Continua filantrópica.
LA 05/02
Os pobres?
A História os tem abandonado
e feito deles alpondras.
LA 05/02
Bobbio?
Só tinha de bobo as letras.
Comia com onze dedos.
LA 05/02
Contem-lhe ( ao povo ) mentiras,
contanto que sejam belas.
Mentiras que escondam
os seus ferrões no mel.
Enquanto riem e ovacionam,
são boa montaria.
LA 05/02
Que comam brioches —
recomenda Antonieta
ao povo que tinha fome.
Brioches não puderam...
Mas lhe comeram bem mais
que a boceta.
LA 05/02
A verdade?
É quanto podemos suportar.
LA 05/02
O belo é belo
enquanto não nos dói.
LA 05/02
Mais vale uma perereca
no pau
que a novela das 8 inteira,
atrás do vidro.
LA 05/02
Falaram pra mulherada
( nem precisaram insistir muito )
que o que elas têm é porcaria...
E quase todas acreditaram.
Dói ver banalizado
o melhor deste mundo.
LA 05/02
Aos amigos:
Sou uma velha cocote
que já não mais recebe.
Vão buscar seus orgasmos
em outras conversas moles.
LA 05/02
O de que o homem se esqueceu
é que a Paz & Cia.
só será coisa possível
na confiabilidade.
LA 05/02
O povo
é aquela mesma
mulher de Oséias.
LA 05/02
“Felizes dos que creram
sem ver.”
Sim, meu Pai: não ver
é a maior graça.
LA 05/02
Segurai vosso bem,
matai-vos por ele.
Para mim,
o bem é esperança.
LA 05/02
Quando deixamos de buscar,
tropeçamos na coisa.
LA 05/02
Quanto mais te arrastares,
mais longe vai ficando
teu sonho.
LA 05/02
Queira de leve
como o sorriso da manhã,
e o que deseja lhe virá
como o vento da tarde.
LA 05/02
Amanhã será outro dia,
com estrelas e tudo.
LA 05/02
O autodó te impede
de renovares as forças
e reparar o engano.
LA 05/02
A água passa pelo tempo,
tu és filtrado pelos tempos.
LA 05/02
Kafka.
Suas frases escorregam
por um tédio amarelado,
macio e morno,
enleando a incauta Milena.
LA 05/02
Não te compares a ninguém.
Não és mais nem menos
que tu-mesmo.
LA 05/02
A amizade te revela
os quilates do teu brilho.
LA 05/02
Dorme em paz, Profeta.
A justiça dos homens
ainda continua
aquele pano de chão.
LA 05/02
Muitas vezes não conseguimos
porque não somos confiáveis.
LA 05/02
Ver o próprio problema
já é tomar a primeira dose
do seu remédio.
LA 05/02
Ver o problema
e não buscar ajuda
é desprezar-se muito.
LA 05/02
Não raro, não somos amados
porque esquecemos de amar.
LA 05/02
A recíproca
é sempre verdadeira,
mesmo quando mentirosa.
LA 05/02
A mentira
é uma das pretensões
da verdade.
LA 05/02
Todos temos um fariseu terrível
que nos barra na porta...
Esse cara é cada um de nós.
LA 05/02
Um dos grandes perigos
é pensar que a culatra
vai suportar sempre
nossas mentiras.
LA 05/02
Não sendo mais confiável,
a coisa acaba,
isto é, só lhe resta
o lado grotesco.
LA 05/02
O lado cômico das coisas
é que as coisas são mesmo cômicas.
LA 05/02
É muita galinhagem
para nenhuma pena.
LA 05/02
Xiranha é bom,
o duro é a dona dela,
já dizia padre Ignacio.
LA 05/02
Fazia amor com a vizinha
em cima do muro,
enquanto o marido dela
rezava
para os dois não caírem.
LA 05/02
De dia,
lhe deu uma rosa vermelha.
De noite,
uma nota de cinqüenta
enrolada bem na ponta...
LA 05/02
Perguntou se podia
lhe pagar “amanhã”...
Ela lhe disse que sim,
e que, com “essa”,
já eram cento e duas.
LA 05/02
O marido fazia escadinha
pra ela pular.
LA 05/02
O vizinho gostava
da goiaba do André,
que volta e meia o pegava
enchendo o bucho
com a sua mulher
(sim: a do André).
LA 05/02
O que o homem faz com o outro
é coisa muito feia:
tão feia,
que faz duvidar do humano
que ele portaria em si.
LA 05/02
Era um homem
detestavelmente inteligente.
LA 05/02
O povo odeia
o indivíduo que não se deixa
engolir pela coletividade.
LA 05/02
O humor em baixa
nos faz levar a sério
as pessoas.
LA 05/02
Trepar é bom,
o diabo é quando o galho lasca.
LA 05/02
Melhor um pinto de borracha
que um de arame,
minhas senhoras.
LA 05/02
Foi o botânico vê-la,
e derreteu-se todo.
Chamava-se Hortênsia.
LA 05/02
Melhor só
que bem acompanhado.
Mas isso é doença
que há de passar.
LA 05/02
Vez por outra em cima do muro
é um modo de safar-se,
vá lá.
Mas morar em cima do muro,
isto é bom para musgo.
LA 05/02
O real lúcido,
luciferantemente lúcido,
e mais as luzes da ribalta —
as sombras informes do poscênio,
isso não.
O sol, o dia, o hoje.
Da noite,
o máximo as estrelas.
E por falar em lucidez,
deixemos ser a luz que sempre fomos.
LA 05/02
Do Príncipe,
elas ficaram com o cavalo.
Da Princesa,
eles ficaram com a coroa
de folhas de laranja.
LA 05/02
O quinta-coluna
encontra aço do bom.
LA 05/02
O Terrorismo
será o coqueluche
a pôr sapinhos na garganta
do Terceiro Milênio.
Oxalá isto seja
um desvario manso.
LA 05/02
Como feno convosco, lindas vacas,
e faço doce com amendoim
do vosso leite branco como macas
de um hospital que coze velho brim
para usá-los, macios, nas cloacas
cheirando à merda graxa do chupim
e a outras mais que amarelas, moles cacas
iguais às dos narizes do arlequim.
Mas como, sim: convosco como feno
e até capim, se o pasto for ameno,
e um pouco me dareis do vosso leite
com que farei uma iguaria bela,
que havemos de comer à luz da vela...
e passear pela tarde em liso skate.
LA 05/02