Laerte Antonio
Será Que?...
E esse vento
batendo à nossa porta,
lá fora a uivar
ganindo como um cão?
Parece alma de
princesa morta
clamando por seu
príncipe fujão...
E esse frio que a
carne desconforta
e faz gelar nariz
e pé e mão?
Esse safado tem a
cara torta —
nos corta o
pique... menos o tesão.
E esse fogo a
serpentear-lhe as pernas,
massageando-as com
labaredas ternas —
que deu nele?... A
lareira faz careta...
Enquanto nos
crepita o fogo, amada,
será que nesta
sala ensombreada
posso provar-lhe
desta ameixa-preta?
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